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"...e a vida segue, com o tempo nos calcanhares da esperança..." (E tudo passou - 20/03/2012)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Areias do amor


Mary saiu cedo aquele dia, era um dia triste em sua vida, tinha de visitar alguém que ela preferia não mais ver, havia entregado todas as cartas, jóias, roupas, perfumes e todos os presentes que Lukas tinha lhe dado...
Até aquele dia, devolvera tudo, não se arrependendo, não o queria mais, não o amava mais, não sentia por ele aquele amor de antes, que lhes deixava apegados durante horas e horas,...
Passavam agarrados por todos os lugares da cidade, ela adorava cinema, iam sempre que tinham tempo, era um de seus passeios favoritos,...
Ele já preferia a tranqüilidade do mar, ficava feliz, quando ela marcava encontro na frente do mar, ele ia todo contente, saia rindo sozinho....
Ela chegava, ele pegava ela pela mão, a beijava, virava ela, cobria seus olhos, e mostrava na areia um desenho, que havia feito pra ela, sempre um desenho diferente, ela olhava o desenho, ficava maravilhada, sentavam, ela deitava em seu colo, ele colocava um fone no ouvido dela, outro ele ouvia, e assim, dividiam as músicas que ele tanto gostava e que por consideração, ela, mesmo não gostando ouvia, achando chata, mas ouvia...
Fazia tudo o que podia para agradar a ele, seu melhor amigo, mas também deixava ele louco, quando inventava que queria rolar sobre seu desenho...
Era dela, ela podia fazer o que queria com ele, e Lukas, um verdadeiro apaixonado, que se apaixonava a cada dia mais por aquela mulher, permitia que ela fizesse o que quisesse com o desenho, e enquanto ela orgulhosa, destruía o desenho rolando por cima, pisando, ele, ficava ali, observando tudo aquilo, e imaginando, que no outro dia teria de inventar novos desenhos para ela destruir, e ele gostava disso,...
No verão de 1998 ele preparou um desenho muito especial, passou a manhã daquele sábado fazendo aquele desenho, não deixando ninguém se aproximar para não estragar seu trabalho: construiu vários castelos de areia, e um enorme, colocando em cima do castelo um caixinha, para ela, só ela pegar....
Mas como Mary saiu cedo aquele dia, triste, por ter de visitar alguém que ela preferia não mais ver, o castelo de Lukas ficou jogado ali na beira da praia, pois ela não teve coragem de ir se despedir dele e partiu no avião com sua filha e seu filho...
Lukas nunca entendeu a forma covarde dela acabar com tudo que para ela era apenas um momento de distração, e para ele, mais do que tudo o que ele desejava ter,...
Como já anoitecia, e ela não chegava, ele resolveu ir embora, deixando o castelo, os desenhos na areia, as alianças, tudo para trás...
Em seus sonhos naquela noite, ela chorava e lembrava o mundo de sonhos, certezas, saudades e paixão, que deixava para trás...

Enquanto isso, ele chegava em casa, chateado, frustrado, mas com a certeza de que ele tentou fazer ela feliz, mesmo ela não tendo coragem de prosseguir com aquele amor...
Lukas chegou, abriu a porta, e encontrou uma casa vazia, sua mulher levou, tudo...
Não deixou para ele, nem um sofá, uma cama, nada, nem mesmo seu cachorro,...
Sua mulher, Sophie, que não agüentava passar por tantos momentos de solidão, sabia que Lukas relacionava-se com uma mulher casada, sabia também, que Mary jamais abandonaria sua família, sua vida, por ele.....
Mary cansou de esperar por Lukas, e partiu...
Lukas sempre teve esperanças nela, mas realmente, não conseguia ser corajoso como ela....
Sophie sempre sofreu por tudo aquilo, quieta, mas sabendo que um dia tomaria a decisão mais difícil de sua vida, e abandonaria Lukas....

Na manhã seguinte, Lukas foi embora, morar numa ilha, muitos quilômetros dali...

Sophie acordou cedo, uma manhã linda de sol, céu azul, e resolveu sair para passear, foi passear na beira do mar.
Chegando lá, encontrou um homem sentado consertando um castelo que uma onda quase que destruiu por completo....
Ela parou, se ofereceu para ajudar, e ele, sorrindo aceitou sua ajuda, guardando ele, as alianças no bolso, para tempos depois colocar no dedo de Sophie...


“ o amor acontece de uma maneira estranha,
mas,
mesmo estranho,
ele acontece...”

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