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"...e a vida segue, com o tempo nos calcanhares da esperança..." (E tudo passou - 20/03/2012)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sonhos e verdades do tempo


"quando o mar se acalmou naquela madrugada, ela saiu na janela,
ouviu o vento acalmar,...
chamou o velho pescador e perguntou se já podiam ir no mar,...
ele disse que sim,
mas que era melhor que ela não fosse,
o mar recém acalmava,...

ele, por experiência sabia que podia mudar a qualquer momento,
mas ela, motivada por suas emoções, desejos e vontades,
não pensou,
voltou em casa,
vestiu um casaco,
pegou a foto que sempre a acompanhava onde ia,
subiu no barco do pescador e se foi,....

enquanto seguiam para procurar seu filho,
ela sabia que por ele não ter ligado antes,
algo de ruim podia ter acontecido,...

de repente, o pescador avistou um farol...

se aproximaram,
desceram,
encontraram roupas, comida,
parecia q alguém esteve ali durante o tempo em que o mar estava agitado,...

podia ser ele,
era experiente, mas se deixou naquela tarde, levar por seus pensamentos tristes...
e ela sabia q algo aconteceria,
- ele nunca me abraçou com tanta força e medo como hoje a tarde,
pensou ela,.....
- só uma vez, quando tinha perdido seu cãozinho...

o pescador a chamou, e lhe mostrou um pedaço do barco do rapaz....
ela se aproximou do barco dele,
viu a outra foto jogada ali dentro,
tinham duas fotos,
toda vez que ele ia pro mar ela segurava a foto do rapaz, até ele voltar...
ele, sempre, quando estava no meio do mar não soltava a foto dela,...

e assim, naquela noite de 26 de Junho, seu filho desapareceu....
seu corpo nunca foi encontrado,...
seus pertences,
tudo, a roupa que vestia,
seu corpo, nunca mais foi visto....


os anos passaram,....
e um dia seu neto, único neto,
pediu pra conhecer o mar,...
ela não autorizou e explicou ao menino o que havia acontecido a seu pai:

- não, meu amor, meu filho também foi conhecer o mar, ha exatos 10 anos,
numa tarde de inverno também,
e como você já sabe, nunca mais foi visto,...
arrume algo para fazer,

- mas vó,
só hoje, deixe, vou com o barco de pesca,
o mar está calmo, deixe,...
- não, melhor não, respondeu ela,.....

só não sabia ela que o destino, as vezes falha e nos trai,...

e naquela tarde de 26 de Junho, dez anos depois de seu filho ter desaparecido,
o destino a traiu,...


era fim de tarde, e alguém balançou aquela cadeira de balanço:

- D. Celine, acorde por favor, preciso lhe falar,....
disse uma mulher,
- o que foi? perguntou Celine, com os olhos cheios de lágrimas,....
- a Sra. estava chorando, sonhava e chorava.....
- venha, vou lhe levar pra dentro, já está ficando frio aqui,
- Mercedez, q hora são? perguntou D. Celine.
- agora são 19:40,

- só me deixe aqui mais um minuto, daqui a pouco chegarão meu filho e meu neto...

- mas D. Celine, a sra. está num convento, nunca teve filhos, nem netos,
- mas tudo bem, espere aí na sua cadeira de balanço....
- sonhe, é o melhor q a senhora sabe fazer, disse Irmã Mercedez, sua enfermeira..


- se eu tivesse contado quem era, tudo o que vivi, meus amores, dúvidas, dores e segredos, será q me aceitariam aqui, como me aceitaram?
pensou ela,......."


FIM

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