Quase Gita

"Eu que ainda não andei nem por dois cantos do mundo procurando,
foi justamente num sonho que ninguém me falou"

Às vezes você não me pergunta,
por que é que eu não sou tão calado,
falo de amor quase nada,
fico sorrindo ao teu lado,

você não pensa em mim toda hora
não me come, não me cospe, não me deixa,
talvez você entenda,
e hoje eu não vou lhe mostrar.

De estrelas, não sou a luz,
do luar, não sou a cor,
da vida, não sou as coisas,
nem sou o medo de amar.

Do fraco, eu não sou o medo,
da imaginação, não a força,
do jogador, não o blefe,
não vou,
não fui,
não sou.

Não sou o seu sacrifício,
nem a placa de contra-mão,
do vampiro, não sou o sangue no olhar,

Não sou a vela que acende,
não sou a luz, se, se apaga,
não sou a beira do abismo,
nem sou o tudo,
nem o nada.

Por que não você me pergunta,
perguntas que vão lhe mostrar,
que eu não sou feito da terra,
nem de fogo,
nem da água,
nem do ar.

Você não me tem todo dia,
sabe se é bom ou ruim,
saiba que eu não estou em você,
nem você, não está em mim.

O telhado, das telhas eu sou,
do pescador, a pesca,
meu nome, a letra A tem.
eu sou o amor, dos sonhos.

Não sou a dona de casa,
nem os pegue-pagues do mundo,
do carrasco, eu sou a mão,
não sou profundo,
nem raso,
nem largo.

Não sou a mosca da sopa,
nem do tubarão, o dente,
do cego, eu sou os olhos,
da visão, a cegueira.

Da língua, não sou o amargo.
o avô, o pai, a mãe,
o filho que já veio,
o meio, o fim, o início,
eu sou o início, o fim, o meio...”