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"...e a vida segue, com o tempo nos calcanhares da esperança..." (E tudo passou - 20/03/2012)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Uma triste história do tempo


"Era madrugada de primavera,
e ele, sozinho, iniciava sua história,
chovia muito naquela madrugada,
seu pai não conseguia acreditar que ele estava ali,
depois de tudo o que ele e sua mãe passaram,
mas era real, ele tinha nascido,
demorou a abrir seus olhos, mas abriu,
não chorava, preocupando médicos,
sua alma era forte, e sua mãe sabia disso,
ela pediu que a enfermeira o entregasse a ela,
ele em silêncio, ela ansiosa,
ela então o ergueu,
respirou com ele,
olhou dentro de seus olhos e choraram juntos,
ele pela primeira vez,
ela pela última,
aquele parto de risco foi seu primeiro e também o último,
sua mãe morreu segundos depois de entregá-lo de volta à enfermeira.

Ele sempre, desde pequeno, soube que veio do nada,
e assim, do nada se fez,
passou por testes,
certo dia conheceu o medo,
certo dia conheceu a verdade,
sempre soube a hora de tentar,
e a hora de desistir,
aprendeu a conhecer as pessoas,
as pessoas aprenderam a aceitá-lo.

Um dia,
do nada cresceu,
e pela primeira vez,
apaixonou-se,
descobriu o amor, em forma de uma paixão incontrolável,
tudo muito rápido,
veio cedo, aconteceu,
pensou ser dono daquele coração,
mas não era,
e na sombra da madrugada,
mesmo com uma chuva muito forte,
ela se foi,
ela sabia que não sentia por ele, aquele mesmo sentir dele por ela,

e assim,
mais uma vez,
ele foi deixado para trás,

ao acordar,
viu-se abandonado,
pensou em fugir, partir,
pra qualquer lugar, pra lugar algum,
prá sempre, pra nunca mais voltar,
e desesperado,
ajoelhou-se,
e triste chorou,...

foi quando passou a se afastar da verdade,
seu amor se fora,
seu medo chegara,...

Soube por alguém um dia,
que ela tinha partido num trem,
era fraca,
não conseguia dizer a ele que não o amava mais,
e ele para não enlouquecer, tentou não acreditar,
tentou ser forte,
mas era fraco,
muito fraco,

e então resolveu correr,
correu,
correu,
correu muito,
correu desesperado na beira da praia,
e a cada segundo que passava,
a cada vez que pensava em si mesmo,
desistia cada vez mais de tudo,

e num ato de pura insensatez,
acabou com seus sonhos,
medos,
segredos
e lamentações,
e sem pensar muito,
jogou seu corpo, seu coração, sua alma, no mar...

Os anos se passaram,
era manhã de primavera,
e ela, sozinha, com seus cabelos já brancos, completava ali a história dele,
ela havia entendido depois de tanto tempo,
a importância que o sentimento dele tinha em sua vida,
e que sua vida não fazia muito sentido,

já havia casado,
vieram os filhos,
separou-se,
mas sabia que nunca o esqueceria,
sabia que naquele mar morava um pedaço de sua vida,
muito de sua história,
por isso foi até aquela beira de praia,
parou,
chorou,
e sem pensar muito,
jogou sua alma,
seu coração,
seu corpo naquela água gelada...

e então,
mais uma triste história do tempo se desfez,
e eles viveram assim,
juntos,
por toda eternidade...”



“uns chamam amor,
o que outros chamam de ilusão,
melhor iludir-se,
ou melhor amar?”

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