ela abriu a porta,
olhou para o futuro, sorriu,
se foi,
para nunca mais voltar...
Sabia ela que se voltasse,
inesquecíveis promessas terminariam jogadas fora,
pensou em desistir,
pensou em não mais lutar contra o que sentia,
mas era tarde,
já não adiantava mais tentar entender seu coração
e as frustrações de sua alma,...
Tinha seu espírito fraco,
fraco também eram suas palavras naquele triste dia de adeus,...
Tinha suas flores cobertas de chuva,
tinha seus pensamentos bons também...
Tudo o que sempre quis foi ser feliz,
tudo o que sempre quis foi ser ela mesma,
tudo o que sempre buscou foi o amar,
e amou,
amando mais do que devia ter sido amada,...
Então disposta a ir embora para sempre,
ela decidiu fechar a porta vagarosamente,
para não machucar o pouco dela, que ficara naquela casa,
e partiu,
levando seu violoncelo,
suas flores,
vestidos,
aquele cabelo ainda molhado,
levando saudades,...
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É inverno,
e nesse exato momento,
ela está olhando para a parede do passado,
vendo num quadro
aquela estação de trem onde eles se viram pela primeira vez,
lembrando, tentando esquecer,
que já tentou ser bem mais feliz,
e que já foi também solidão,...
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Hoje ela chega em sua nova casa,
abre a porta,
olha para um quadro pendurado nas paredes do futuro,
chora,
e dá um longo beijo em alguém que a espera,
alguém que agora traduz seus sonhos e anseios,
alguém que ainda não sabe,
mas que a faz muito feliz,
tão feliz,
que ela esquece de tudo naquele mágico momento de paz,
dividindo o pulsar de seu forte coração,
com a sua menina de vermelho,
um pouco dela,
e um pouco de um outro alguém também,...
E assim elas são felizes,
vivendo um amor eterno,
mãe e filha,
esperança e felicidade,...
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Até que numa noite de verão,
um certo alguém bate à porta
convidando a menina para passear,
a menina dá um longo e forte beijo em sua mãe,
a mãe sorri para o rapaz,
pede que os dois se divirtam,
leva os dois até o portão,
espera eles saírem,
começa a chover,
ela abre seus braços,
sente aquela chuva fina no rosto,
fecha seus olhos,
sorri,
abre os olhos aliviada,
com a alma livre para sonhar sonhos bons,
entra,
e fecha a porta,
para nunca mais ter de partir..."